Sabia que existem na atmosfera muitas partículas de pequena dimensão, sólidas ou líquidas, que são conhecidas como “aerossóis”. Os aerossóis são feitos de poeira, esporos, pólen, sais dos oceanos, cinzas e poluentes industriais?
Sabia que a “Comissão Lancet” (sobre poluição e saúde) afirma que as diferentes formas de poluição são a principal causa de doenças e mortes prematuras. Com efeito, estas doenças foram responsáveis por mais de 9 milhões de mortes prematuras em 2015 e 2016, ou seja, 15 vezes mais todas as mortes criadas pela guerra e outras formas de violência?
Sabia que a poluição atmosférica está ao mesmo nível dos outros grandes riscos para a saúde como as dietas pouco saudáveis e o tabagismo?
Sabia que houve melhorias na qualidade do ar em diversos países mas o número global de mortes e anos perdidos de vida saudável não diminuiu desde a década de 1990? Isto apesar da melhoria da qualidade do ar mas caiu nos países em desenvolvimento.
Sabia que quando falamos em exposição humana à poluição do ar temos que ter em conta duas dimensões: a quantidade de poluente e o tempo de exposição?
Sabia que uma concentração mais reduzida de poluição no ar durante um longo período pode ser mais grave para a saúde?
Sabia que a relação entre a quantidade de ar que as crianças respiram e a sua massa corporal as torna mais sensíveis à acumulação de poluentes?
Sabia que desde 1992 todos os automóveis passaram a ter um conversor catalítico que transforma monóxido de carbono em dióxido de carbono com efeitos conhecidos nas alterações climáticas mas sem a toxicidade do monóxido de carbono?
Sabia que em Portugal, todos os anos, são muitas as mortes associadas ao monóxido de carbono, um gás que é emitido quando a combustão é incompleta?
Sabia que existem inspecções periódicas aos equipamentos a gás nas cozinhas para detectar se o escoamento de gases é adequado? É medida a concentração de CO no ar. Também em túneis ou garagens é obrigatória esta medição e a existência de alarmes para evitar a concentração destes gases.
Sabia que se uma pessoa for sujeita a uma elevada concentração de CO e voltar depois a um ambiente com uma concentração normal facilmente recupera?
Sabia que a emissão de poluentes de um veículo tem em conta a idade do veículo, o tipo (automóvel, camião, autocarro, ou outro) e, sobretudo, a velocidade com que circula?
Sabia que as partículas (“PM”) são uma mistura de compostos como sulfatos, nitratos, amoníaco, cloreto de sódio, carbono negro, poeiras minerais e água (por isso, nos dias de nevoeiro os valores são – quase sempre – mais altos do que nos dias menos húmidos)?
Sabia que as partículas (“PM”) se podem ligar a poluentes como hidrocarbonetos e metais pesados e servir de transporte a estes através do sistema respiratório, atingindo assim a corrente sanguínea?
Sabia que as partículas (“PM”) podem ter diferentes dimensões? As PM1′ têm um diâmetro inferior a 10 micrómetros, as chamadas partículas inaláveis. As PM2.5 têm um diâmetro inferior a 2.5 micrómetros e são conhecidas como “partículas finas”. Por comparação o cabelo humano tem cerca de 70 micrómetros.
Sabia que as partículas PM2.5 são piores para a saúde? Ao contrário das PM10 podem ficar retidas nas vias aéreas superiores e/ou na traqueia e podem atingir os brônquios e entram mais facilmente no nosso organismo.
Sabia que as partículas maiores (“PM10”) têm origem na agricultura, aerossóis, sais marinhos, poeiras provenientes de erosão, etc, enquanto que as partículas finas (“PM2.5”) podem ser provenientes de queima de combustível em indústria ou veículos, queima de lenha em casa, incêndios rurais ou ter uma origem secundária a partir de reacções químicas entre gases?
Sabia que o tráfego rodoviário é responsável por uma emissão significativa de partículas provenientes dos motores a combustão às quais se juntam as emissões do atrito entre os pneus e o pavimento e a resuspensão de partículas que ocorre com a passagem dos veículos?
Sabia que as partículas finais (“PM2.5”) são de longe o poluente mais responsável por causar doença no maior número de pessoas (morbilidade) e a maior mortalidade prematura, ou seja, é aquele que reduz significativamente a esperança média de vida?
Sabia que numa exposição a curto prazo as partículas no ar podem causar problemas respiratórios, diminuição da função pulmonar, batimentos cardíacos irregulares, agravamento da asma, irritação das vias respiratórios, tosse ou dificuldade em respirar e irritação dos olhos, nariz e garganta?
Sabia que a exposição a partículas no ar aumenta o risco de desenvolvimento de doenças respiratórias como a doença pulmonar obstrutiva crónica, doença cardíaca isquémica, AVCs, efeitos perinatais adversos e cancro de pulmão?
Sabia que as pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares, as crianças e os idosos são os mais susceptíveis de serem afectados pela exposição à poluição por partículas no ar?
Sabia que um poluente que pode ter consequências imediatas e dramáticas para a saúde é o monóxido de carbono (CO)? Este composto resulta de uma combustão incompleta de combustíveis fósseis ou de outras matérias orgânicas contendo carbono. Surge nas emissões da produção de electricidade, da combustão industrial, comercial ou residencial e igualmente no sector dos transportes com motores a combustão principalmente nos motores que usam gasolina.
Sabia que em zonas de maior tráfego as concentrações de monóxido de carbono (CO) são mais elevadas quando o motor dos veículos tem uma rotação mais baixa e, portanto, uma combustão incompleta? As emissões de veículos antigos são maiores pela ausência de catalisador que, em grande parte, resolve este problema, ao transformar o CO em dióxido de carbono, que não é tão nocivo para a saúde
Sabia que nas nossas casas podem haver processos de combustão incompletos em fogões, esquentadores, braseiros ou lareiras? Situações em que o risco associado ao monóxido de carbono pode ser elevado.
Sabia que o monóxido de carbono (CO) pode causar dificuldades respiratórias, exaustão, tonturas, confusão, dor de cabeça e má disposição, envolvendo náuseas ou vómitos e perda de consciência? Estes efeitos nefastos devem-se à sua capacidade de se combinar preferencialmente com a hemoglobina do sangue que assim não se liga ao oxigénio nos pulmões para o transportar para os tecidos. Em concentrações elevadas o monóxido de carbono pode mesmo causar a morte.
Sabia que o carbono negro, um dos principais componentes das partículas finas (PM2.5) é por vezes referido como fuligem? As suas principais fontes são a combustão incompleta de combustíveis fósseis, biocombustíveis e biomassa. Pode ser emitido por veículos, fogões e incêndios florestais. A exposição a curto e longo prazo tem sido associada a efeitos na saúde cardiovascular e à mortalidade prematura.
Sabia que quanto ao dióxido de azoto os níveis detectados são muito altos ao longo de todo o litoral e nas principais cidades, consequência do tráfego rodoviário, com ultrapassagem de valores-limite em vários locais do país, em particular em Lisboa? A mesma situação vale para as partículas OM10 em muito devido à consequência das emissões dos veículos a gasóleo.
Sabia que ao longo das últimas décadas há uma redução da poluição de origem industrial, quer pelo encerramento de algumas grandes fontes, quer pela melhoria dos processos tecnológicos e/ou do tratamento dos gases resultantes? Assim sendo o protagonista que mais diretamente afecta a qualidade do ar passou a ser o tráfego rodoviário. Na Europa assiste-se a uma evolução significativa consequência das normas para os veículos novos, as chamadas Normas Euro, que têm sido essenciais para a redução da poluição. Logo em 1992, a norma Euro I, implicava que os automóveis tivessem catalisador, sendo o monóxido de carbono oxidado a dióxido de carbono, havendo também alguma eficácia na transformação dos óxidos.
Sabia que a implementação de um sistema mais eficaz de transformação dos óxidos de azoto em azoto livre seguindo a norma Euro 6 beneficiando os veículos a gasóleo? Apesar de termos ainda maiores valores do que os fixados pelas normas, a qualidade no ar nas cidades melhorou bastante.
Sabia que em Portugal o cumprimento dos valores-limite diário e anual de partículas inaláveis PM10 só foi possível graças à evolução tecnológica? Do lado dos combustíveis a necessidade de a partir de 1992 a gasolina não poder ter chumbo para não estragar a cerâmica que forma os catalisadores praticamente retirou a poluição associada a este metal.
Sabia que as cidades onde ficam atracados os grandes navios cruzeiros quando não há ligação à energia de terra são emissores de quantidades significativas de poluentes associados à combustão?
Sabia que em 201, na União Europeia, houve maos de 253 mil mortes prematuras associadas às partículas finas? Em Portugal, o número deve ser de 2100 sendo que em 2005 era de 9200 mortes.
Sabia que em Portugal a tendência tem sido de enorme redução e de melhoria da qualidade do ar?
Sabia que anualmente, de acordo com a OMS, morrem prematuramente 3.2 milhões de pessoas em todo o mundo por doenças atribuíveis à poluição atmosférica doméstica causada pela combustão incompleta de combustíveis sólidos (resíduos de culturas, carvão vegetal, carvão e estrume) e líquidos (querosene) usados para cozinhar? O fumo do interior pode ter níveis de partículas finas cem vezes superiores ao aceitável.
Sabia que passamos mais de 95% do tempo em espaços confinados como residências, escritórios, oficinas, escolas, repartições públicas e meios de transporte? A emissão de poluentes pode ter origem nas próprias pessoas e nas suas actividades, em materiais de isolamento e decoração, mobiliário e alcatifas, nos próprios edifícios ou ainda nos solos.
Sabia que a qualidade do ar nos espaços interiores é muito afectada pela qualidade do ar exterior mas há contaminantes que são próprios de várias actividades ou materiais que existem nas nossas casas? O formaldeído é um carcinogénico usado na conservação de mobílias. O uso de tintas e vernizes é responsável pela emissão de compostos químicos orgânicos voláteis.
Sabia que na cozinha as partículas são emitidas em quantidades muito consideráveis, para além de gases como o monóxido de carbono, que em Portugal causa mortes todos os anos por deficientes condições de combustão de esquentadores e caldeiras, ou pela queima incompleta de lenha ou carvão vegetal? As condições de ventilação são decisivas para a qualidade do ar.
Sabia que enquanto que na qualidade do ar ambiente existe um quadro de legislação à escala europeia, no caso da qualidade do ar interior tal não acontece, apesar das evidentes consequências na saúde: como dores de garganta, dor de cabeça, náuseas ou mesmo problemas mais graves e crónicos.
Sabia que a legislação actual exige que os edifícios novos ou renovados sejam objecto de requisitos relativamente à ventilação de espaços, com vista a assegurar uma adequada filtragem e renovação do ar? Todos os edifícios de comércio e serviços estão sujeitos a requisitos relacionados com a qualidade do ar interior.
Sabia que os grandes edifícios de comércio e serviços e estruturas residenciais para idosos (assim como escolas) estão sujeitos a uma avaliação simplificada anual da qualidade do ar interior com a medição de dióxido de carbono, partículas inaláveis (PM10) e partículas finas (PM2.5)?
Sabia que se os níveis mais elevados de poluição em Portugal estão associados ao tráfego rodoviário é nesse sector que temos de fazer a diferença? A prioridade deve ser o abandono do recurso ao automóvel tanto quanto possível recorrendo ao transporte público. Deixar os filhos na escola recorrendo ao automóvel por não ter outra alternativa não tem que implicar levar o carro no resto do dia, se estiverem disponíveis outros meios de transporte.
Sabia que podemos partilhar o automóvel com outros que façam deslocações idênticas? Optar por um veículo eléctrico reduz muito a poluição do ar mas não na sua totalidade? O desgaste dos pneus, as partículas que se levantam aquando da sua passagem ou as emitidas pelos travões não deixam de ser um contributo para a poluição do ar.
Sabia que os investimentos em energias renováveis para produção de eletricidade através de painéis fotovoltaicos para o autoconsumo em casa, ou para águas quentes sanitárias podem ser um aliado neste combate, pois substituem a necessidade da queima de combustíveis fósseis no sistema eletroprodutor ou no uso de um esquentador, levando a uma redução de emissões? Ter todos os equipamentos elétricos em casa melhora a qualidade do ar interior e não contribui para emissões para o exterior resultantes da combustão.
Sabia que que devemos abrir todas as janelas ao mesmo tempo durante dez minutos, mesmo num dia frio, o que é fundamental para renovar o ar?
Sabia que devemos escolher produtos de limpeza ou outros que não tenham um cheiro intenso que corresponda a uma emissão de compostos orgânicos voláteis que podem causar danos à saúde e contribuir para a formação de ozono troposférico?
Sabia que como cidadãos ativos, podemos ainda ser agentes de fiscalização ao denunciarmos situações que estejam a prejudicar o ambiente, em particular a qualidade do ar através da linha SOS Ambiente e Território (808 200 520) ou do formulário próprio na Internet (https://www.gnr.pt/ambiente.aspx), gerido pelo Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da Guarda Nacional Republicana?
Parte do Projecto MDP:
Fonte Principal:
A Qualidade do Ar em Portugal, Francisco Ferreira













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