



Introdução
O MDP: Movimento pela Democracia Participativa apresenta neste estudo uma análise exploratória sobre a presença e penetração mediática do partido Chega e do seu líder, André Ventura, nos principais órgãos de comunicação social portugueses desde 1 de setembro de 2025. A metodologia utilizada baseia-se em pesquisas dirigidas no Google Search e em motores de busca, restringidas a domínios de referência do jornalismo nacional.
O objetivo é medir não apenas a quantidade de menções gerais, mas também a frequência com que determinados enquadramentos discursivos (frames: imigração, segurança, corrupção, justiça e comunidades ciganas) surgem associados ao partido, comparando ainda esses resultados com referências equivalentes a outros partidos de relevo (PS e PSD). Com isto, pretende-se fornecer um retrato mais preciso sobre a forma como a agenda mediática acolhe e difunde as mensagens políticas do Chega.
A monitorização inicial revela-se um instrumento fundamental para perceber até que ponto a presença do Chega nos media não se limita à cobertura factual, mas incorpora ou amplifica quadros discursivos específicos que o partido procura normalizar no espaço público. A comparação com os restantes partidos permitirá avaliar se existe uma sobre-representação temática, em particular em torno da imigração e da segurança, que são as bandeiras políticas mais recorrentes do Chega.
Este estudo do MDP abre assim caminho a análises periódicas que possam quantificar a evolução desta visibilidade, identificar tendências e contribuir para o debate público sobre o papel dos media na difusão de narrativas políticas. O objetivo não é restringir a pluralidade democrática, mas antes promover uma maior consciência crítica sobre como os meios de comunicação podem influenciar a percepção pública das prioridades políticas e da própria qualidade do debate democrático.
Medições diárias feitas uma vez por dia entre as 0800 e as 1100
“André Ventura” site:publico.pt OR site:expresso.pt OR site:observador.pt OR site:jn.pt OR site:dn.pt OR site:sicnoticias.pt OR site:rtp.pt after:2025-09-01
1700 a 22.09.2025
404 a 23.09.2025
380 a 24.09.2025
427 a 25.09.2025
500 a 26.09.2025
355 a 27.09.2025
264 a 28.09.2025
274 a 29.09.2025
3610 a 30.09.2025 (1º dia de campanha eleitoral)
3260 a 01.10.2025
3660 a 02.10.2025
3410 a 03.10.20s5
3900 a 04.10.2025
4740 a 05.10.2025
3400 a 06.10.2025
4200 a 07.10.2025
9310 a 08.10.2025
14900 a 09.10.2025
10300 a 10.10.2025
9080 a 11.10.2025
Estes dados mostram a evolução das menções a “André Ventura” nos principais media portugueses (entre 22 de setembro e 11 de outubro de 2025), portanto abrangendo o período imediatamente anterior e durante a campanha eleitoral legislativa:
📊 1. Tendência geral
Período analisado: 22/09 a 11/10/2025 (20 dias)
Valor inicial: 1 700 menções
Valor final: 9 080 menções
Pico máximo: 14 900 (09/10/2025)
Variação total: +7 380 menções (+434%)
Média diária: ~4 540 menções/dia
🧭 2. Fases observadas
🟤 Fase 1 — Pré-campanha (22–29 setembro)
Níveis muito baixos e estáveis: 264–500 menções/dia, exceção de 22/09 (1 700).
Representa a fase de silêncio relativo mediático, com cobertura discreta.
Queda rápida de 1 700 → 264 (-84%) em seis dias.
🟠 Fase 2 — Arranque da campanha (30 setembro–5 outubro)
30/09 (início oficial da campanha) marca explosão de atenção mediática:
274 → 3 610 → 4 740 em menos de uma semana.
A curva cresce de forma quase contínua, com pequenos picos (03/10 e 05/10).
Interpretação: início de cobertura diária das ações de campanha e declarações públicas.
🔴 Fase 3 — Fase de pico (6–10 outubro)
06–10/10: crescimento exponencial até 14 900 menções.
Entre 07 e 09/10 o aumento é de +254% em 48 horas (4 200 → 14 900).
09/10 é o ponto máximo, provavelmente ligado a um evento mediático ou polémico (debate, incidente ou declaração controversa que não foi possível identificar).
Segue-se queda gradual (10/10 = 10 300; 11/10 = 9 080), indicando dissipação do pico noticioso.
3. Interpretação qualitativa
A curva tem a forma típica de “ciclo de atenção eleitoral”: silêncio → explosão → pico → queda.
A amplitude do pico (x5 a x10 em relação à média inicial) mostra que Ventura dominou momentaneamente a agenda mediática.
A descida nos últimos dois dias sugere saturação do tema ou redirecionamento do foco noticioso.
4. Conclusão
O comportamento mediático de “André Ventura” no período analisado mostra:
Baixa exposição até ao início da campanha.
Crescimento súbito e concentrado entre 30/09 e 09/10, com pico em 09/10.
Retração moderada após o pico, mas mantendo valores bem superiores ao pré-campanha.
Em termos de estratégia de comunicação, o padrão é coerente com um modelo de “campanha de choque” — onde o pico de atenção é obtido por controversas ou eventos cuidadosamente cronometrados perto do final da campanha, maximizando visibilidade antes do silêncio eleitoral.
Discurso temático (frames mais usados)
“Chega” imigração site:publico.pt OR site:expresso.pt OR site:observador.pt OR site:jn.pt OR site:dn.pt OR site:sicnoticias.pt OR site:rtp.pt after:2025-09-01
1580 a 22.09.2025
1330 a 23.09.2025
3160 a 24.09.2025
3990 a 25.09.2025
4540 a 26.09.2025
5660 a 27.09.2025
3830 a 28.09.2025
3650 a 29.09.2025
3230 a 30.09.2025 (1º dia de campanha eleitoral)
6120 a 01.10.2025
6470 a 02.10.2025
6820 a 03.10.2025
5400 a 04.10.2025
4630 a 05.10.2025
4010 a 06.10.2025
4420 a 07.10.2025
6490 a 08.10.2025
4230 a 09.10.2025
3400 a 10.10.2025
4500 a 11.10.2025
🧭 1. Fases da evolução
🟤 Fase 1 — Pré-campanha (22–29 setembro)
Níveis relativamente baixos, mas com tendência ascendente: 1 580 → 5 660 (+258%).
Picos a 26–27 setembro, coincidindo provavelmente com declarações de Ventura ou publicações polémicas sobre imigração antes do início oficial da campanha.
Após 27/09, descida gradual até 29/09 (3 650).
🟠 Fase 2 — Início da campanha (30 setembro–5 outubro)
30/09 (início oficial): 3 230, ligeira queda, seguida de subida acentuada:
01/10–03/10: 6 120 → 6 820 → pico absoluto.
Representa o momento de maior associação mediática entre o Chega e a imigração.
04/10–05/10 há descida significativa (5 400 → 4 630), sinal de saturação temática ou mudança de foco noticioso.
🔴 Fase 3 — Última semana (6–11 outubro)
06/10–07/10: valores medianos (4 010–4 420).
08/10 regista segundo pico (6 490), mostrando nova tentativa de impulsionar o tema.
09–11/10 voltam a cair (4 230 → 3 400 → 4 500), indicando esgotamento da atenção mediática.
🔍 2. Interpretação qualitativa
O tema “imigração” é um dos pilares centrais da comunicação do Chega, e a curva confirma que o partido o ativou intensamente no arranque da campanha.
O pico de 03/10 coincide com o aumento geral das menções ao partido e a André Ventura — provavelmente associado a declarações públicas, entrevistas ou debates televisivos sobre imigração.
O segundo pico (08/10) pode representar tentativa deliberada de retomar o tema antes do final da campanha.
Após isso, a atenção decresce sem regressar aos níveis iniciais, mostrando que o tema mantém alguma persistência mas já sem centralidade mediática.
🧩 3. Conclusões
O discurso sobre imigração foi reativado ciclicamente ao longo da campanha.
A média de menções durante o período eleitoral foi quase 3× superior à do início da série.
Os dois picos (03/10 e 08/10) sugerem uso estratégico do tema como “booster” mediático.
A descida após o segundo pico indica perda de tração ou dispersão para outros frames (ex.: segurança, justiça, corrupção).
“Chega” segurança site:publico.pt OR site:expresso.pt OR site:observador.pt OR site:jn.pt OR site:dn.pt OR site:sicnoticias.pt OR site:rtp.pt after:2025-09-01
6900 a 22.09.2025
6680 a 23.09.2025
5660 a 24.09.2025
5900 a 25.09.2025
6520 a 26.09.2025
8850 a 27.09.2025
8220 a 28.09.2025
8750 a 29.09.2025
8600 a 30.09.2025 (1º dia de campanha eleitoral)
8490 a 01.10.2025
9070 a 02.10.2025
9220 a 03.10.2025
7860 a 04.10.2025
7410 a 05.10.2025
8130 a 06.10.2025
7750 a 07.10.2025
8150 a 08.10.2025
10200 a 09.10.2025
11000 a 10.10.2025
11100 a 11.10.2025
Este conjunto mostra a evolução diária das menções ao Chega associadas ao tema “segurança” nos principais media portugueses entre 22 de setembro e 11 de outubro de 2025.
🧭 1. Fases da evolução
🟤 Fase 1 — Pré-campanha (22–27 setembro)
Valores já elevados e consistentes (6 900 → 8 850).
27/09 marca um primeiro pico antes do arranque oficial da campanha, sugerindo:
Reforço do discurso securitário em antecipação à campanha;
Ou notícia associada a crime/violência que o partido aproveitou politicamente.
🟠 Fase 2 — Início da campanha (30 setembro–5 outubro)
30/09 (início oficial) inicia-se em 8 600, mantendo patamar estável e alto.
02–03/10 atingem novo pico intermédio (9 220).
Leve descida nos dias 04–05/10 (7 410), mas sempre acima dos níveis iniciais.
Indica sustentação mediática do tema, sem volatilidade.
🔴 Fase 3 — Segunda semana de campanha (6–11 outubro)
Curva ascendente contínua: 8 130 → 11 100.
09–11/10: escalada final (+36% em três dias), coincidindo com o pico mediático geral do partido e de Ventura.
Mostra que a segurança foi um dos eixos finais de mobilização discursiva do Chega.
🔍 2. Interpretação qualitativa
“Segurança” foi o tema mais estável e persistente da cobertura mediática do Chega.
Enquanto “imigração” teve oscilações e “ciganos” picos abruptos, segurança manteve visibilidade contínua.
O padrão sugere que o partido consolidou este frame como eixo de identidade eleitoral, funcionando como “tema estruturante” e não apenas de ocasião.
A aceleração final (09–11/10) mostra coordenação entre discurso político e atenção mediática, provavelmente reforçada por eventos, comícios ou debates sobre criminalidade.
🧩 3. Conclusões
O tema “segurança” manteve presença mediática alta e consistente durante todo o período.
O pico final a 11/10 (véspera do fecho da campanha) indica máxima exposição e esforço de mobilização do eleitorado através do medo e da ordem pública.
Comparando com “imigração”, este frame mostra menos volatilidade e mais ressonância prolongada.
É provável que o Chega o tenha usado como “tema guarda-chuva” para agregar outros (criminalidade, fronteiras, policiamento, justiça penal).
“Chega” ciganos site:publico.pt OR site:expresso.pt OR site:observador.pt OR site:jn.pt OR site:dn.pt OR site:sicnoticias.pt OR site:rtp.pt after:2025-09-01
40 a 22.09.2025
46 a 23.09.2025
41 a 24.09.2025
40 a 25.09.2025
48 a 26.09.2025
57 a 27.09.2025
122 a 28.09.2025
389 a 29.09.2025
899 a 30.09.2025 (1º dia de campanha eleitoral)
374 a 01.10.2025
782 a 02.10.2025
2160 a 03.10.2025
1840 a 04.10.2025
1260 a 05.10.2025
816 a 06.10.2025
542 a 07.10.2025
550 a 08.10.2025
422 a 09.10.2025
310 a 10.10.2025
256 a 11.10.2025
Esta série mostra a evolução das menções ao Chega associadas ao tema “ciganos” nos principais media portugueses, entre 22 de setembro e 11 de outubro de 2025, portanto coincidindo com o período eleitoral.
🧭 1. Fases da evolução
🟤 Fase 1 — Silêncio pré-campanha (22–27 setembro)
Valores residuais (40–57 menções/dia).
Tema quase ausente da agenda mediática, sem destaque noticioso.
🟠 Fase 2 — Explosão súbita (28 setembro–3 outubro)
28/09–03/10: crescimento abrupto de 122 → 2 160 menções (+1 670%).
O 30/09 (início da campanha) e o 03/10 são pontos de viragem:
899 → 2 160 (pico máximo).
Muito provavelmente associado a declarações públicas ou controvérsia envolvendo o discurso anti-cigano, um tema habitual no léxico do partido.
Mostra mobilização mediática reativa, em resposta a uma provocação ou incidente.
🔴 Fase 3 — Erosão e desaparecimento (4–11 outubro)
Após o pico, descida acentuada:
04/10 = 1 840
06/10 = 816
11/10 = 256
Atenção mediática dissipa-se rapidamente, voltando a níveis baixos, sinal de tema episódico, não sustentado.
🔍 2. Interpretação qualitativa
O tema “ciganos” é episódico e altamente volátil: aparece quase do nada, atinge um pico intenso e desaparece em poucos dias.
Indica um efeito de agenda motivado por evento ou frase polémica, mais do que por interesse jornalístico continuado.
A duração do ciclo (c. 6 dias) é curta, típica de microcrises mediáticas.
Apesar de breve, o pico de 2 160 menções representa a maior taxa de crescimento relativo entre todos os temas analisados — mostrando o poder de choque deste frame.
🧩 3. Conclusões
O tema “ciganos” foi reativado como “bomba mediática” no início da campanha, possivelmente com o objetivo de:
Polarizar o debate público e atrair cobertura mediática gratuita;
Reforçar o discurso identitário e de conflito social;
Gerar viralização online através de controvérsia.
A rápida dissipação indica que, embora eficaz para captar atenção momentânea, não se consolidou como frame central durante o resto da campanha.
É o exemplo mais claro de estratégia de “agenda shock”: um pico curto e intenso, depois substituído por outros temas (como “segurança” e “justiça”).
“Chega” corrupção site:publico.pt OR site:expresso.pt OR site:observador.pt OR site:jn.pt OR site:dn.pt OR site:sicnoticias.pt OR site:rtp.pt after:2025-09-01
5250 a 22.09.2025
4520 a 23.09.2025
4440 a 24.09.2025
4870 a 25.09.2025
4180 a 26.09.2025
4390 a 27.09.2025
4460 a 28.09.2025
5330 a 29.09.2025
6030 a 30.09.2025 (1º dia de campanha eleitoral)
6550 a 01.10.2025
7290 a 02.10.2025
7820 a 03.10.2025
7450 a 04.10.2025
7520 a 05.10.2025
7520 a 06.10.2025 (!)
7970 a 07.10.2025
8580 a 08.10.2025
8800 a 09.10.2025
7170 a 10.10.2025
5490 a 11.10.2025
🧭 1. Leitura cronológica
🟤 Fase 1 — Pré-campanha (22–29 setembro)
- Oscilações ligeiras, entre 4 180 e 5 330 menções.
- Discurso anticorrupção já presente, mas sem eventos mediáticos relevantes.
- 29/09 mostra ligeiro reforço (5 330), antevendo a abertura da campanha.
🟠 Fase 2 — Início da campanha (30 setembro–5 outubro)
- Subida contínua: 6 030 → 7 820 (+30 %).
- Corresponde à fase de maior densidade noticiosa, quando o tema é reativado em discursos de arranque.
- O pico intermédio de 03/10 acompanha picos idênticos noutros frames (imigração, ciganos), mostrando coordenação temática.
🔴 Fase 3 — Consolidação e pico final (6–9 outubro)
- Níveis muito elevados e estáveis (7 970–8 800).
- O 09/10 é o ponto máximo, coincidindo com o auge mediático de Ventura e do partido.
- É provável que coincidisse com debates ou polémicas envolvendo ética pública ou justiça.
⚫ Fase 4 — Queda pós-pico (10–11 outubro)
- Descida nítida: 7 170 → 5 490.
- Representa o arrefecimento do tema após o pico da exposição mediática.
🔍 2. Interpretação qualitativa
- “Corrupção” é o tema mais consistente e estrutural no discurso do Chega — mantém valores elevados mesmo sem estímulos noticiosos.
- Serve como pilar moralizante, contrastando com as elites e reforçando a identidade “anti-sistema”.
- O pico de 09/10 reforça a ligação entre visibilidade pessoal de André Ventura e a mobilização do discurso anticorrupção.
- A descida final é natural num ciclo eleitoral: o foco mediático desloca-se para resultados e sondagens.
🧩 3. Conclusão
- Tema central e estável: menos dependente de polémicas que “imigração” ou “ciganos”.
- Evolução controlada: sem picos abruptos, mas com crescimento sustentado até ao final da campanha.
- Função discursiva: reforçar legitimidade e autoridade moral do partido; equilibrar temas divisivos com um eixo “ético”.
“Chega” justiça site:publico.pt OR site:expresso.pt OR site:observador.pt OR site:jn.pt OR site:dn.pt OR site:sicnoticias.pt OR site:rtp.pt after:2025-09-01
8220 a 22.09.2025
8250 a 23.09.2025
8730 a 24.09.2025
10400 a 25.09.2025
9460 a 26.09.2025
11300 a 27.09.2025
11800 a 28.09.2025
13100 a 29.09.2025
16200 a 30.09.2025 (1º dia de campanha eleitoral)
17700 a 01.10.2025
16050 a 02.10.2025
17000 a 03.10.2025
17200 a 04.10.2025
14500 a 05.10.2025
14800 a 06.10.2025
16300 a 07.10.2025
17000 a 08.10.2025
20600 a 09.10.2025
21000 a 10.10.2025
19700 a 11.10.2025
Esta série é particularmente reveladora. Mostra a evolução das menções ao Chega associadas ao tema “justiça” nos principais media portugueses, entre 22 de setembro e 11 de outubro de 2025, e confirma que este foi o tema de maior visibilidade mediática do partido durante todo o período eleitoral.
🧭 1. Fases da evolução
🟤 Fase 1 — Pré-campanha (22–29 setembro)
- Valores altos logo à partida: 8 200 → 13 100 (+60 %).
- Mesmo antes da campanha, “justiça” já se destaca como um frame central do discurso do Chega.
- 27–29/09: aumento forte (11 300 → 13 100) — possivelmente impulsionado por críticas ao sistema judicial ou casos mediáticos de corrupção/insegurança.
🟠 Fase 2 — Início da campanha (30 setembro–05 outubro)
- Subida explosiva: 16 200 → 17 700 → 17 000 → 17 200.
- Em apenas 3 dias (29/09–01/10), o número de menções cresce 35 %, o que coincide com o arranque oficial da campanha.
- O tema “justiça” torna-se o eixo mediático dominante, mais do que “imigração” ou “segurança”.
A leve descida nos dias 04–05/10 (17 200 → 14 500) é apenas uma flutuação temporária.
🔴 Fase 3 — Pico e consolidação (06–11 outubro)
- 06–09/10: subida contínua (14 800 → 20 600).
- 10/10 atinge o valor máximo: 21 000 menções, o recorde absoluto entre todos os temas monitorizados.
- Mesmo após o pico, mantém-se altíssimo (19 700 a 11/10), mostrando resiliência do tema na agenda mediática.
🔍 2. Interpretação qualitativa
- “Justiça” tornou-se o tema mais estruturante e transversal da comunicação mediática do Chega.
- Serviu como ponto de convergência discursiva entre moralidade, autoridade, segurança e punição — sintetizando vários frames (“corrupção”, “criminalidade”, “impunidade”).
- O discurso sobre justiça permite ao Chega associar-se à indignação social e apropriar-se do papel de “voz do povo contra o sistema judicial”.
- O pico de 10/10 (véspera do fecho da campanha) mostra gestão deliberada da visibilidade, maximizando o impacto na fase de decisão dos eleitores.
🧩 3. Conclusões
- O tema “Justiça” ultrapassou todos os outros frames (“corrupção”, “segurança”, “imigração”, “ciganos”) em volume e persistência.
- É o núcleo de credibilidade e poder simbólico do discurso do Chega — o ponto onde as mensagens de autoridade moral, punição e descontentamento convergem.
- A curva mostra crescimento estável e sustentado, sem picos artificiais, o que sugere que a cobertura mediática foi orgânica e de interesse jornalístico real, não apenas provocada por polémicas.
- É provável que o tema tenha sido intensificado por entrevistas e debates televisivos centrados na reforma judicial, prisões, e alegações de impunidade.
“Chega” nos principais media portugueses
(a palavra “Chega” pode ter ocorrências não relacionadas com o partido mas estas são mais de 99%: a 2025.09.25 todos os resultados da palavra “Chega” das primeiras 10 páginas de resultados do Google referiam-se ao partido Chega)
“Chega” site:publico.pt OR site:expresso.pt OR site:observador.pt OR site:jn.pt OR site:dn.pt OR site:sicnoticias.pt OR site:rtp.pt after:2025-09-01
Série diária muito bem estruturada com menções ao Chega, PS e PSD nos media (22 setembro–11 outubro 2025).
Análise comparativa quantitativa e interpretativa das tendências:
📊 1. Dados gerais
| Partido | Valor inicial | Valor final | Pico máximo | Data do pico | Média diária | Variação (%) |
| Chega | 13 400 | 29 300 | 33 300 | 10/10 | 22 600 | +119 % |
| PS | 10 825 | 22 200 | 24 200 | 10/10 | 17 100 | +105 % |
| PSD | 7 100 | 20 700 | 21 100 | 05/10 | 15 800 | +191 % |
🧭 2. Fases comuns da evolução
🟤 Fase 1 — Pré-campanha (22–29 setembro)
- Todos os partidos mostram crescimento progressivo de visibilidade mediática.
- Chega lidera desde o início, com níveis superiores em ~25–30 %.
- O PS mantém estabilidade (10–11 mil), enquanto o PSD parte de base mais baixa (7 mil) mas sobe rapidamente (13 mil a 29/09).
- Interpretação: a cobertura mediática prepara a entrada formal da campanha, com enfoque crescente nos três líderes.
🟠 Fase 2 — Arranque da campanha (30 setembro–5 outubro)
- A 30/09 (início oficial) todos os partidos sobem acentuadamente:
- Chega: +14 %
- PS: +29 %
- PSD: estável mas elevado (13 → 17 mil a 01/10).
- O PSD tem pico relativo em 05/10 (21 100), possivelmente após debate ou grande evento
- O Chega continua a dominar o espaço mediático diário, já 5–8 mil menções acima do PS.
🔴 Fase 3 — Segunda semana da campanha (6–11 outubro)
- Chega: aceleração forte → 33 300 menções a 10/10 (máximo absoluto).
- PS: acompanha a tendência → 24 200 no mesmo dia (pico mediático).
- PSD: estabiliza (17–20 mil), menos variação.
- 10/10–11/10 concentram o clímax de exposição mediática global (véspera do fecho da campanha).
📈 3. Evolução relativa
Se normalizarmos os valores (100 % = máximo de cada partido):
| Data | Chega | PS | PSD |
| 22/09 | 40 % | 45 % | 34 % |
| 30/09 | 65 % | 53 % | 61 % |
| 05/10 | 80 % | 95 % | 100 % |
| 10/10 | 100 % | 100 % | 83 % |
| 11/10 | 88 % | 92 % | 98 % |
➡️ Mostra que os picos dos três partidos não são simultâneos:
- PSD atinge o seu máximo mais cedo (05/10);
- Chega e PS atingem-no quase juntos (10/10).
🔍 4. Interpretação qualitativa
- Chega domina o volume total de menções durante toda a série — o único partido acima dos 30 000 resultados diários.
- Mantém liderança mediática clara, especialmente nos dias 07–10/10.
- Padrão típico de “campanha centrada no líder e na controvérsia”.
- PS segue trajetória paralela mas menos intensa, com forte crescimento apenas na reta final, o que sugere gestão mediática concentrada em eventos planeados (comícios, debates, sondagens).
- PSD mostra crescimento inicial rápido (fase de arranque), mas perde dinamismo depois de 05/10, com a curva a achatar — possivelmente perda de foco mediático face à polarização Chega–PS.
🧩 5. Conclusões
- O Chega foi o partido mais mencionado na imprensa portuguesa durante toda a campanha, reforçando o efeito de sobrerrepresentação mediática.
- O PS recuperou visibilidade apenas na segunda metade da campanha, enquanto o PSD teve um pico curto mas precoce.
- O padrão confirma três modelos distintos de cobertura:
- Chega: exposição contínua e estratégica;
- PS: mobilização concentrada e institucional;
- PSD: arranque forte, mas menor capacidade de retenção de atenção.
Dados para comparação entre partidos CHEGA, PSD e PS:
13400 a 22.09.2025
14100 a 23.09.2025
14800 a 24.09.2025
15700 a 25.09.2025
16400 a 26.09.2025
19100 a 27.09.2025
17000 a 28.09.2025
18800 a 29.09.2025
21500 a 30.09.2025 (1º dia de campanha eleitoral)
25300 a 01.10.2025
28400 a 02.10.2025
29100 a 03.10.2025
27400 a 04.10.2025
26600 a 05.10.2025
25600 a 06.10.2025
28900 a 07.10.2025
28700 a 08.10.2025
32000 a 09.10.2025
33300 a 10.10.2025
29300 a 11.10.2025
4. Comparação com outros partidos
“PS” OR “Partido Socialista” site:publico.pt OR site:expresso.pt OR site:observador.pt OR site:jn.pt OR site:dn.pt OR site:sicnoticias.pt OR site:rtp.pt after:2025-09-01
10825 a 22.09.2025
11460 a 23.09.2025
11200 a 24.09.2025
11420 a 25.09.2025
11470 a 26.09.2025
11530 a 27.09.2025
11370 a 28.09.2025
9940 a 29.09.2025
12800 a 30.09.2025 (1º dia de campanha eleitoral)
13500 a 01.10.2025
14500 a 02.10.2025
14300 a 03.10.2025
20600 a 04.10.2025
23000 a 05.10.2025
21500 a 06.10.2025
22100 a 07.10.2025
21800 a 08.10.2025
22600 a 09.10.2025
24200 a 10.10.2025
22200 a 11.10.2025
“Partido Social Democrata” OR “PSD” site:publico.pt OR site:expresso.pt OR site:observador.pt OR site:jn.pt OR site:dn.pt OR site:sicnoticias.pt OR site:rtp.pt after:2025-09-01
7100 a 22.09.2025
5850 a 23.09.2025
6650 a 24.09.2025
6400 a 25.09.2025
7860 a 26.09.2025
9240 a 27.09.2025
12600 a 28.09.2025
13200 a 29.09.2025
12800 a 30.09.2025 (1º dia de campanha eleitoral)
17000 a 01.10.2025
16100 a 02.10.2025
14100 a 03.10.2025
18300 a 04.10.2025
21100 a 05.10.2025
18800 a 06.10.2025
19500 a 07.10.2025
18400 a 08.10.2025
19200 a 09.10.2025
17600 a 10.10.2025
20700 a 11.10.2025
Conclusão
Os dados recolhidos entre 22 de setembro e 11 de outubro de 2025 indicam que o Chega — e, em particular, André Ventura — alcançou uma visibilidade mediática superior mas mais volátil do que PS e PSD, com picos marcados na reta final da campanha. Entre os enquadramentos analisados, “justiça” assumiu-se como o tema mais persistente e de maior amplitude, enquanto “segurança” manteve presença estável e “imigração” e “ciganos” revelaram ciclos curtos e intensos típicos de “agenda shock”. Esta sobrerrepresentação temática sugere um ecossistema noticioso propenso à amplificação de narrativas polarizadoras típicas do Chega.
Importa, contudo, reconhecer limitações metodológicas (dependência de contagens em motores de busca, possíveis duplicações/variações editoriais) e aprofundar futuras iterações com amostras verificadas, desagregação por meio e formato (TV, online, social), e análise qualitativa de manchetes e tom. O MDP propõe, por isso, uma monitorização periódica e transparente que promova literacia mediática e responsabilização editorial, contribuindo para um debate democrático mais informado e plural e regressamos a este estudo em campanhas eleitorais posteriores designadamente para as próximas eleições presidenciais.

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